terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Ex-investigador de Tóquio explica como ladrões identificam casas para roubar

Os criminosos em geral são organizados e criam marcações para identificar alvos

ladrões de residências
No Japão, os ladrões de residências costumam identificar as casas que irão furtar com marcações, que podem ser feitas de várias formas. O ex-investigador Yu Inamura, detetive da Divisão de Relações Exteriores do Departamento de Segurança Pública do Departamento de Polícia Metropolitana de Tóquio, e diretor da Associação Japonesa de Contra-Inteligência, revela como os criminosos agem para definir seus alvos, publicou o site Otona Answer. 

Inamura disse que os ladrões riscam, colam adesivos, marcam com canetas ou até colocam pedras em algum ponto para definir uma casa que será furtada. Ele afirmou que pode se tratar de um criminoso que age sozinho ou um que esteja passando informações para comparsas. A vigilância desses ladrões pode durar meses ou mais. 

As marcações podem não se limitar à placa de identificação, mas sinais também podem ser feitos nos caixilhos de janelas, cantos de portas frontais, caixas de correio, intercomunicadores, medidores de eletricidade e gás e unidades externas de ar condicionado. No caso de pedras, elas podem ser colocadas em locais imperceptíveis. 

Eles usam códigos
O detetive explicou que existem códigos usados pelos ladrões como letras. S, de solteiro, F para agregado familiar, M de mulher ou masculino, o ideograma de vermelho (赤, aka) para bebê (akachan). O sinal ロ indica idoso, enquanto ア é abreviatura para crianças que residem lá, mas crianças pequenas. Já o ◎ é para indicar que é fácil entrar. Ele deu um exemplo: WS820 (sendo W para Woman – mulher - e S para single – solteira), que significa “mulher solteira, sai das 8h às 20h”. 

Os ladrões usam também adesivos com as cores determinando as mensagens aos comparsas. No caso, elas podem variar nos significados, mas é importante estar atento a esse detalhe do adesivo colorido. O ex-investigador, porém, afirma que a cor preta pode indicar que é difícil atingir o alvo, por se tratar de família com homens entre outros detalhes. Já o branco pode indicar que é fácil o acesso, por ter mulheres sozinhas, idosos. 

Inamura disse que, conforme dados da Agência Nacional de Polícia, 36% dos alvos são residências unifamiliares, 4% são edifícios médios a altos e 9% são outros tipos. O restante pode ser composto por lojas.

Escalam até edifícios
O especialistas explicou que o roubo pode ocorrer por invasão do local enquanto os residentes estiverem dormindo. Neste caso, podem ser moradias isoladas. Mas os ladrões podem preferir arrombar a entrada e varanda destrancadas, mesmo em andares altos. 

Os ladrões ficam atentos a residências cujas famílias estão ausentes por muito tempo. Os indicativos para isso são luzes não acesas, varais sem roupas penduradas para secar, ou correspondência acumulada na caixa de correio. Os criminosos podem ver no medidor a quantidade baixa de eletricidade usada. Os aparelhos mais antigos possuem um disco giratório, que são fáceis de avaliar. 

Segundo Inamura, quando os ladrões invadem a casa, mesmo que encontrem residentes, acreditam que a resistência será fraca, não impedindo o roubo. 

Mas a vida dos criminosos pode ser facilitada por aqueles que não trancam as portas. Existem pessoas que deixam a porta de seus apartamentos abertas para circular o ar. A preocupação também deve ser com janelas, pois Inamura disse que existem ladrões profissionais surpreendentemente ágeis ao ponto de subirem arranha-céus, alcançando varandas em andares superiores. 

O especialista disse que o volume de ruído na redondeza pode facilitar a vida dos ladrões que decidirem quebrar o vidro da janela, como ocorre em locais perto de estradas e aeroportos. Mas os profissionais conseguem fazê-lo de forma silenciosa. Os ladrões podem chegar a um ponto alto de prédios ou casas pelo tubo de drenagem. 

Casas não conservadas, com jardins sujos, caixas de correio e vasos com plantas abandonados, são tidas como prováveis alvos de ataques. 

O que fazer?
Para evitar ser alvo de criminosos, os moradores devem eliminar os sinais indicados pelo detetive. “Caso encontre algumas das marcas citadas, tire uma foto e apague a marca imediatamente. Mas se a marca continuar lá, os ladrões saberão que você não está ciente do que está para acontecer”, explicou. 

Inamura disse que os ladrões desistem quando as marcações são removidas. Mas há os insistentes, que continuarão deixando sinais conforme suas ambições. “Tome precauções como câmeras de segurança para mostrar que está atento aos ladrões e consulte a delegacia de polícia local”, sugere o profissional. 

Inamura disse que os ladrões desistem de arrombar uma casa se demorarem mais de 5 minutos para entrar. “Esses 5 minutos podem ser alcançados colocando películas de segurança nas janelas e reforçando as próprias janelas, diminuindo a probabilidade de sua casa ser alvo de ataques”, ensina.

O profissional recomenda ainda algumas medidas para dificultar a vida dos ladrões: anexar adesivos de segurança, instalar câmeras de segurança, usar sensor de luz, colocar película de segurança (para diminuir a probabilidade de quebra do vidro da janela) e instalar trava auxiliar. 

Ele sugere ainda trancar a porta quando estiver em casa, mesmo em apartamentos. “E evite guardar dinheiro em casa”, recomenda.
Fonte: Alternativa

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