quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Japão celebra feriado do Obon para relembrar seus antepassados

O Japão vive nestes últimos dias uma peculiar "operação de saída" ligada ao Obon, um feriado em homenagem aos antepassados mortos, espécie de Dia de Finados, em que as famílias costumam viajar juntas para fazer oferendas, dançar e contar histórias de fantasmas.

Muitas estradas já começam a registrar engarrafamentos de mais de 40 quilômetros e os trens operam com os corredores abarrotados, enquanto as congestionadas ruas de Tóquio se mostram tranqüilas em pleno horário de rush.

Muitos japoneses aproveitam o feriado para viajar à Europa, Guam e Havaí, destinos típicos destas datas. Neste ano, por conta da valorização do iene, espera-se um fluxo 10% maior do que o apresentado no último ano, quando a tragédia do terremoto e do tsunami acabou influenciando diretamente a celebração do feriado.

Apesar do clima favorável, a maior parte dos japoneses prefere permanecer em suas casas entra esta segunda e quarta-feira para celebrar o Obon, um ritual que passou a ser comemorado durante o 15º dia do sétimo mês lunar antes do Japão adotar o calendário gregoriano no século XIX.

De origem budista, o feriado se baseia na crença de que os antepassados, protetores da família, retornam durante esses três dias ao lar de sua família e, por isso, os japoneses costumam se reunir. Além do encontro, os familiares aproveitam para limpar e ornamentar com flores e incenso o túmulo que contém as cinzas de seus ancestrais.

Nas ruas mais centrais de Tóquio, principalmente aquelas próximas aos grandes cemitérios, é possível sentir o perfume adocicado dos incensos que são acendidos em locais santos, templos e também nos lares das famílias, onde altares são preparados para ocasião.

Ao redor desses altares, os familiares também costumam colocar adornos, frutas, verduras e até macarrão (ou o prato favorito do defunto). A ideia é receber bem os antepassados que estarão de visita.

"É muito habitual pôr um pepino decorado com quatro palitos, algo similar a um cavalo, para que os espíritos possam chegar mais rápido. No dia 16, a berinjela representa o boi para que os ancestrais retornem mais devagar", conta à Agência Efe a jovem Kanako Hayashi, que retorna todos os anos à cidade de Aichi para celebrar o Obon junto com sua família.

Também é comum enfeitar os altares com lanterninhas de papel na noite de 13 de agosto, assim como acender pequenos fogos ("mukaebi") próximo ao portão da casa, para dar boas-vindas aos espíritos.

"Nas cidades grandes, onde há menos espaço e menos gente tem jardim, o mais comum é acender fogueiras nos templos", explica Yuriko Watanabe, moradora de Tóquio.

A heterogeneidade das regiões que conformam o arquipélago japonês faz com que o Obon dialogue com distintos costumes, aqueles que contribuíram para manter sua origem exclusivamente religiosa.

Em Kioto, por exemplo, a cada 16 de agosto cinco enormes fogueiras são erguidas nos montes que rodeiam a cidade, contempladas por milhares de pessoas desde os edifícios mais altos do centro até as margens do rio Kamo.

Outras localidades realizam o "touro nagashi", que consiste em depositar nos rios lanternas de papel que, ao flutuar à mercê da corrente, guiam os antepassados outra vez à terra dos mortos.

O Obon também costuma ser acompanhado de uma dança, o "bon odori", que conta com infinidade de variedades musicais e de movimentos, desde o baile em circulo típico de Osaka até o "awa odori", uma procissão popular de Tokushima que possui raiz em um ritual de agricultores.

Além das festas, esse feriado também carrega uma faceta tenebrosa, já que ao abrir as portas do mundo do além você pode receber a visita de todos os tipos de criaturas, seres que tradicionalmente costumam assustar os mais novos no supersticioso Japão.

Levando em conta esse perigo e com certo ar de ironia, os japoneses aconselham os demais a sempre olhar os pés das pessoas durante esses dias. Isso porque, aqueles que não possuem extremidades inferiores, certamente, devem ser um "yurei" (fantasma).
Fonte: UOL com EFE

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Estudantes criam tela mais fina do mundo no Japão para exibir imagens

“Bolhavisão” usa círculo semelhante ao utilizado para fazer bolhas de sabão. Pesquisa abre novas possibilidades para crescente mercado de telas finas de TV.

Do Japão, chega outra novidade tecnológica, mas desta vez, criada por pesquisadores muito jovens que podem revolucionar o mercado de aparelhos de televisão.

Nas mãos das crianças está o futuro. Neste caso, pode estar o futuro da televisão.

Quem já brincou com bolhas de sabão deve ter percebido que elas refletem o que está ao redor, como se fossem espelhos com imagem distorcida. Estudantes de duas universidades japonesas e uma americana decidiram corrigir a imagem. Parece uma ideia maluca, mas eles acabaram criando a tela mais fina do mundo.

Um dos pesquisadores, Yoichi Ochiai, aluno de pós-graduação da Universidade de Tóquio, mostra como funciona. Um círculo, parecido com o usado pelas crianças para fazer as bolhas, forma uma membrana. A imagem surge aos poucos e então aparece uma borboleta, no seu experimento.

Por enquanto, eles só conseguem fazer a experiência com imagens paradas, como a do globo terrestre.

As imagens são emitidas por um projetor, mas o segredo está em um transmissor de ultra-sons, ondas sonoras que estão acima da nossa capacidade de escutar. Elas provocam pequenas vibrações na membrana que fazem o ajuste da imagem.

Yoichi Ochiai explica que a textura das imagens é bem real, dando a impressão de que o objeto está mesmo ali.

A pesquisa abre novas possibilidades para o crescente mercado das telas finas de TV. O experimento já ganhou o apelido de "bolhavisão". Os estudantes criaram também uma substância para formar as membranas, que é mais resistente do que o sabão. Dá para atravessá-la com um objeto ou o dedo e ela não estoura.

Melhor assim. Ninguém vai querer comprar um aparelho de TV que se desmanche no ar.
Fonte: Jornal Nacional