Uma das apostas é a retomada do turismo receptivo, com o aumento de turistas estrangeiros no país
O governo do Japão espera normalizar as atividades econômicas e sociais com o rebaixamento da classificação da COVID-19, o que está previsto para ocorrer em 8 de maio. Embora as infecções por coronavírus venham diminuindo, a recuperação econômica do país ainda é frágil, publicou a mídia local.
Com a COVID-19 tratada no mesmo nível de uma gripe sazonal, economistas acreditam que a mudança amenizará algumas medidas que têm atrapalhado o trabalho, o consumo e o turismo receptivo.
Hoje a COVID-19 é classificada como Classe 2, que inclui outras doenças graves, como tuberculose, que exige que os infectados se isolem por sete dias, embora esse tempo possa cair para cinco dias se o teste for negativo no quinto dia.
A medida afeta mesmo aqueles considerados como contatos próximos, que também precisam se isolar por cinco dias.
Para Hideo Kumano, economista-chefe executivo do Instituto de Pesquisa Dai-ichi, muitas dessas pessoas não puderam trabalhar e isso prejudicou a produtividade das empresas.
Considerando o caso de um infectado com um contato próximo, isso gera aproximadamente a perda de 13 dias de trabalho, segundo Kumano escreveu em um relatório em janeiro.
Em algumas situações essas pessoas poderiam trabalhar remotamente em suas casas, mas algumas lojas pequenas precisaram fechar depois que os funcionários foram infectados ou tiveram contato próximo com alguém com o coronavírus.
Em 8 de maio a COVID-19 passará para a Classe 5, a mesma da gripe sazonal, e espera-se que a situação mude, pois os infectados e contatos próximos não precisarão mais se isolar.
Em alguns casos, ainda que tenham que se afastar do trabalho, a perda será bastante reduzida em relação ao que vigora hoje.
Kumano avalia que se o Japão mantiver o sistema atual e registrar 10 milhões de novos caso de COVID-19 até o fim deste ano, o impacto negativo na produtividade chegaria a ¥ 1,16 trilhão (US$ 8,8 bilhões).
Com a mudança na categoria da doença e das medidas de quarentena, o impacto negativo cairá para 360 bilhões de ienes.
O economista alerta: “Se o rebaixamento não for implementado, as atividades econômicas serão amplamente prejudicadas.”
A expectativa do economista é de que a volta das atividades sociais estimule o consumo doméstico.
Os números revisados do produto interno bruto do Japão no quarto trimestre do ano passado, divulgados pelo Gabinete no início deste mês, mostraram que a economia cresceu 0,1% anualizado, notavelmente mais fraco do que o aumento de 0,6% estimado nos dados preliminares. Em meio ao aumento da inflação, o consumo foi mais lento do que o previsto.
A taxa de crescimento também foi consideravelmente menor do que as expectativas dos economistas - a previsão mediana em uma pesquisa da Reuters era de expansão de 0,8%.
A esperança é de que com a COVID-19 rebaixada, mais pessoas saiam para jantar em restaurantes e viajem mais, com Kumano estimando que a mudança aumentaria o consumo em ¥ 600 bilhões.
Outro ponto positivo é que, com o alívio das medidas, o país receberá mais turistas estrangeiros.
O país relaxou algumas normas em outubro de 2022 para a vinda de visitantes de fora, mas algumas exigências persistem, como apresentar comprovante de vacinação ou teste negativo para o coronavírus.
Logo que essas regras forem removidas, a expectativa é de que o fluxo de turistas internacionais aumente.
Em 2019, antes da pandemia, o país recebeu 32 milhões de turistas estrangeiros, que gastaram ¥4,8 trilhões. O primeiro-ministro Fumio Kishida prometeu aumentar os gastos dos viajantes internacionais para ¥ 5 trilhões.
Desde outubro do ano passado o país começou a recuperar lentamente o total de visitantes. Em fevereiro passado recebeu 1,47 milhões, contra cerca de 2,6 milhões no mesmo mês de 2019.
Boa parte dos turistas são chineses. Com a queda das restrições, a esperança é de que o ritmo de chegada desses e de outros visitantes exceda o ritmo de 2019, como acredita Shunsuke Kobayashi, economista-chefe da Mizuho Securities.
O problema no setor de turismo, porém, é a falta de mão de obra.
Uma pesquisa feita em setembro passado pela Dive, agência de recrutamento especializada no setor, em Tóquio, mostrou que 88% dos 160 operadores hoteleiros disseram sentir que não tinham trabalhadores suficientes, mesmo antes da reabertura da fronteira.
“Essa é a maior preocupação. Mesmo que a demanda aumente, isso não significará muito, a menos que a oferta também aumente”, disse Kobayashi.
Fonte: Alternativa