Apenas cerca de 1% da população japonesa é cristã, mas ao visitar grandes centros urbanos do Japão, a impressão que se tem é de um país que ama a data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo. A decoração natalina extravagante é encontrada nas lojas, parques públicos e até nos famosos bolos de natal.
Para o mundo ocidental, bolo e natal não tem nenhuma relação, mas para o povo japonês, o bolo natalino tem um forte simbolismo de prosperidade e superação. Sua história está ligada à ascensão do Japão após a sua derrota na Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, soldados americanos vieram realizar o trabalho de reconstrução do país. A economia japonesa estava em ruínas e a escassez de alimento era comum. Doces e guloseimas, considerados artigos de luxo para um povo que ainda se recuperava dos estragos da guerra, eram doados pelos soldados americanos em sinal de reconciliação durante as festividades natalinas. Surgiu, então, a primeira relação entre natal e sobremesa.
Mas não foram somente soldados que vieram para Japão após a guerra. Missionários cristãos também trouxeram os presentes e o conceito natalino para escolas e famílias japonesas. Os japoneses adotaram uma versão animada e comercial do natal, que era menos sobre a religião e mais sobre prosperidade. A população japonesa passou a adotar o natal como uma festividade comemorativa de troca de presentes, romantismo e decoração.
Mas por que o bolo?
O bolo foi introduzido no Japão no século 17, muito antes da guerra, mas vários dos itens necessários para fazê-lo eram raridades no país, como açúcar, leite e manteiga. Saborear um pedaço de bolo era um privilégio reservado apenas para a elite.
Após a recuperação do país e a ascensão econômica, os ingredientes tornaram-se mais acessíveis para classe média recém formada, que aprovou a sobremesa e a adotou como um símbolo de prosperidade financeira e superação pós-guerra.
Fonte: IPC Digital