Entre os problemas estão a falta de freezes para estocar as vacinas e a dúvida ser haverá gente suficiente para aplicar o imunizante
O Japão enfrenta problemas logísticos para implantar o sistema de vacinação contra Covid-19, obstáculos que podem atrasar a campanha que vem sendo criticada como lenta, segundo especialistas, publicou a Reuters.O país será prejudicado pela falta de contêineres e gelo seco, além de problemas no recrutamento de equipes médicas, disseram à Reuters mais der uma dúzia de pessoas envolvidas na campanha de vacinação.
Estes problemas colocam mais pressão sobre o primeiro-ministro Yoshihide Suga, que disse que as vacinas são essenciais para a realização da Olimpíada de Tóquio, prevista para 23 de julho.
As primeiras vacinas deverão ser aplicadas em trabalhadores da saúde no final de fevereiro, e precisará administrar pelo menos 870 mil injeções por dia para atingir metade da população, sendo que cada pessoa precisará de duas doses.
O assessor do governo para a resposta à Covid-19, Koji Wada, disse que o plano do governo representa um fardo para os municípios, que serão responsáveis pela imunização de seus moradores.
“Metrópoles como Tóquio podem ter infraestrutura para implementar a vacinação sem problemas, mas nas áreas rurais podem ter mais dificuldade”, disse.
O governador de Kanagawa, Yuji Kuroiwa, comentou em entrevista recente que a tarefa é enorme. “Ainda é difícil prever quão difundidas e eficazes serão as vacinações antes das Olimpíadas”, disse.
A vacina da Pfizer Inc. precisa ser armazenada a menos de 75 graus Celsius, temperatura muito mais baixa que os freezers convencionais, e mesmo as empresas especializadas em transportar medicamentos podem não ter recipientes suficientes para o transporte.
O governo não começou a avaliar esse aspecto da distribuição das vacinas, segundo publicou a Reuters, citando uma fonte.
O ministro Taro Kono, designado como responsável pela vacinação no Japão, publicou no Twitter que o desafio envolverá a coordenação de médicos, transporte, preparação de freezers, descarte de agulhas e o trato com alguns governos locais deverá ser feito por diferentes ministérios.
Na quarta-feira (27), o governo central realizou uma simulação em Kawasaki, província de Kanagawa, mesmo com o país não tendo ainda uma vacina aprovada.
Segundo a Reuters, o governo japonês comprou vacina para inocular 72 milhões de pessoas, ou mais da metade da população, e está adquirindo 20 mil refrigeradores apropriados para estocar o inoculante em grande quantidade de gelo seco.
O país fabrica 350 mil toneladas de gelo seco a cada ano, usado para preservar alimentos. Mas o governo precisará de um tipo granulado ou em pó, capaz de manter a temperatura mais baixa que o gelo seco comum.
Para complicar ainda mais a situação, uma pessoa de uma fabricante disse que o método de produção deste gelo seco especial é diferente e pode levar meses para reequipar a empresa.
A transportadora Nippon Express Co. Ltda está erguendo quatro depósitos para este fim, mas não estarão prontos até fevereiro e não foram projetados para alcançar a temperatura exigida para a vacina da Pfizer, disse a fonte.
Já a Nihon Freezer Co. está produzindo 2.300 freezers para o governo, sem um contrato assinado ainda, até que as primeiras vacinas possam ser aprovadas, disse um funcionário. Estes equipamentos podem ser conectados em tomadas de 100 Volts, padrão no país.
O funcionário desta empresa disse que metade já foi fabricada, sendo que o restante será concluído até junho, citando a dificuldade de encontrar componentes por causa do aumento repentino de produção.
Outro problema é o fato de que as vacinas deverão ser aplicadas por profissionais médicos, que já estão sobrecarregados com o atendimento aos pacientes.
A Kyodo News divulgou uma pesquisa na qual 80% dos governos provinciais estão preocupados se terão gente suficiente para aplicar as vacinas.
Em alguns lugares do país já foram enviados enfermeiros das Forças de Autodefesa, contando com cerca de 2.000 médicos e enfermeiras qualificados para isso.
Tudo isso, segundo Yoshihito Niki, especialista em doenças infecciosas do Hospital Universitário Showa, pode gerar dúvidas quanto a realização das Olimpíadas, mas ele diz ser melhor agir com cautela com as vacinas.
Fonte: Alternativa