Trabalhadores tentam retomar atividades em ritmo normal, enquanto autoridades se mostram cautelosas sobre acúmulo de radiação na cadeia alimentar marinha
A pesca de seis pequenos barcos - a primeira frota a retomar a atividade comercial nas águas de Fukushima desde a catástrofe nuclear do ano passado - foi colocada à venda em um supermercado local na segunda-feira, dia 25 de junho, aumentando ao mesmo tempo esperanças e preocupações em uma região que tenta retornar sua rotina.Por enquanto, a pesca está restrita ao polvo e um tipo de marisco, pois essas espécies são menos propensas a armazenar partículas radioativas em seus corpos. Assim, a venda de peixes foi um marco para uma fonte vital de alimento e emprego na região.
"O ano passado foi longo e difícil, mas eu nunca desisti de ser um pescador", disse Toru Takahashi, 57 anos, antes de zarpar em seu barco no início do sábado, dia 23 de junho, de Matsukawa, 48 quilômetros ao norte da usina nuclear atingida Fukushima Daiichi.
Mas a esperança dos pescadores em continuar trabalhando nas águas em que pescam há décadas está causando um certo desconforto em diversas regiões do Japão. Especialistas disseram que os efeitos que a catástrofe teve sobre o oceano ainda não foram totalmente compreendidos.
Horas antes de os barcos terem descarregado suas pescas, o governo proibiu pescadores de Fukushima de venderem 36 tipos de peixes. Até então, não havia nenhuma proibição específica sobre pesca perto de Fukushima, já que os pescadores da região suspenderam voluntariamente seu trabalho após o tsunami que levou a um desastre nuclear.
"Não somos contra o retorno dos pescadores à região de Fukushima desde que eles possam mostrar que o que estão pescando não contém altos níveis de radiação", disse Yasunobu Matsui, um oficial do governo para a segurança alimentar. "Nós só não queremos que eles cometam um erro e pesquem algo contaminado."
Efeitos
O Japão ainda está lidando com os efeitos dos problemas na usina, que registrou recorde de liberação acidental de material radioativo no mar.
O que isso significa para a vida marinha está longe de ser resolvido, disse Matsui. Fora da usina, a radiação é bastante difusa para representar risco imediato para a saúde humana, mas especialistas temem que o material radioativo possa se acumular na cadeia alimentar marinha.
"Dado o fato de que o Japão tem a maior taxa de consumo de frutos do mar no mundo, entendermos o impacto da radição na vida marinha é uma tarefa muito importante", observou Ken Buesseler, químico marinho que estudou a quantidade de radiação que vazou ao longo da costa.
Fonte: iG com